domingo, 18 de dezembro de 2005

Menina bizarra

Cresci acostumada com um costume familial. Acostumei com o costume. (Afe.)
Acordar, tomar banho, se arrumar e ir tomar café da manhã.
Aqui na França, depois de anos de convivência com os indígenas, aprendi o costume de muitos deles: acordar, tomar café de manhã, tomar banho e se arrumar.
As vezes mistuto os costumes, faço aqui o que se faz lá, e faço lá o que se faz cá.
Ou seja, volta e meia tem uno me olhando meio de lado, tipo assim, essa mina é meio prá lá de Bagdá.
Eu diria que ainda não, ainda não cheguei no Oriente.
Para comprar pão eu digo “Bom dia Senhora (Senhor), eu gostaria de uma baguette por favor.” Uma vez que fui servida digo “Muito obrigada”.
Me chamaram de alienígena uma vez que falei assim na padaria na época lá no Grajaú. Deveria ter falado “Dez pãezinhos por favor”. Ou menos que isso.
Ainda na padaria, por motivos de economia e de produtividade, aqui a pessoa que te serve recebe o pagamento. Sem luvas, sem nada para proteger as mãos. Direto assim: pega o pão, embrulha ¼ do mesmo, no meio, ali onde a gente segura, vai com a gente até o caixa, pega nossa grana, devolve nosso troco, e continua servindo. Posso dizer que como dinheiro. E a poluição da cidade.
Quando conto que minha experiência de padaria brasileira, bom, carioca, não morei em outra cidade, mas duvido que seja diferente, a pessoa que serve o pão nunca põe a mãozona em cima e há uma pessoa no caixa. Uma vez vi o maior bafafá num ABC em Cabo Frio: a moça estava de luvas para servir o pão, mas ela ia até o caixa para recebero pagamento com aluva usada para pegar o pão. Não colocou suas mãos no pão, mas colocou dinheiro da luva no pão. Ou o pão no dinheiro.
O bom gosto do pão deve vir daí, não?

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