quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Liberté, Liberty

Hoje tem festa em Paris : comemoração dos 60 anos da Liberação da cidade: os americanos junto com outros aliados liberaram Paris dia 25 de agosto de 1944.

Estão previstas algumas manifestações por aí durante o dia e à noite un “baile popular” na praça da Bastilha: estão pedindo às pessoas para irem vestidas na moda dos anos 40 – colocar uma boina, calça preta, saias mais longas, sapatinhos com meia soquete branca... Vai tocar Glenn Miller e outras músicas da época. Uns 1000 figurantes voluntários estarão à postos no palco ou por perto para dançar e animar e incentivar o povo que estiver assistindo a fazer o mesmo.

Gosto deste tipo de música, pelo pouco que conheço – lembro de alguns filmes e daquele disco “Hooked on Classics” (ou era Rocked on Classics?). Mas muvuca não é comigo... ainda mais em época instável. Trabalho perto da Bastilha e passei ontem pela praça: tem um palco enooorme com as palavras “Liberté Liberty” pintada em amarelo ouro num fundo azul. Já hoje de manhã começaram a fechar alguns eixos ao tráfego – o baile é às 19h. Já dá para imaginar o que vai haver de bagunça...

Não sou chegada em concentração de massa popular e talvez não seja uma época para ficar dando sopa com meu corpitcho em lugares onde pode alcontecer “algo”. Sei lá, paira no ar um cheiro estranho de estranhice política, sem querer ser paranóica. O ex-ministro do Interior/Fazenda (Nicolas Sarkozy, Sarkô para os íntimos) disse há uns dias / semanas que houveram mais ataques anti-semitas sob o governo de esquerda (Lionel Jospin e cia) que agora. Ora, segundo os jornais franceses depois desta afirmação, estão havendo mais ataques agora do que antes. E não é só anti-semita não. Estão desrespeitando cemitérios judeus, cristãos e muçulmanos, além de vandalizarem outros recintos (há dois dias um centro social judeu foi queimado em Paris, não muito longe da Bastilha). Não são as mesmas pessoas que fazem esses atos esdrúxulos, não se sabe quem exatamente está atacando, se é um grupo neo-nazi, ou outros grupúsculos, mas enfim, está acontecendo.

E mesmo fora este tipo de acontecimento, não gosto de estresse de multidão, seja em show, seja em manifestção. Passou a época em que ia a todo e qualquer lugar me sentindo bem. Agora, só eventos escolhidos.
Hoje é dia de festa popular em Paris. Seria uma boa oportunidade de fazer uma pequena reportagem fotográfica do evento, tentar imaginar e compreender o que foi este país ocupado. Nunca vou sentir na pele, claro, o que é ser um francês liberado, não cresci nessa cultura (mas também não senti na pele a ditadura pois mesmo se nasci durante a ditadura, minha família não tinha nada de política, éramos “transparentes”, povo não militante, não artista, não contestador – mesmo se os adultos eram contra, eles não participavam de manifestações).

Mas eu não vou ficar por aqui pelo bairro hoje à noite, vou correndo para casa pois tenho outros chats à fouetter (outros gatos para chicotear – êita que expressão francesa, tadinhos dos gatos ! ainda vou descobrir de onde vem isso, ninguém soube me explicar até hoje. No mínimo é alguma corrupção de uma outra expressão).

Mas por que cargas d’água tem mais comemoração dos 60 anos do fim da guerra que dos 50 anos ? Vai ver que porque esta é provavelemente a última vez que estarão presentes soldados e combatentes de todos os países que ainda estejam vivos - todos estão pra lá de 80 anos de idade.

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Darei um up-date mais tarde ou amanhã se e quando pegar outras informações sobre o evento.

O up-date no dia seguinte :
Up-date coisa nenhuma! Vi Noviça Rebelde e uma parte de Grease ontem e simisquiçi deste baile. Quando liguei a tv para ver o Journal de la Nuit já tinha passado. Fui dormir. Maiores informações só achando nos jornais. Vendo algo de interessante comento aqui.

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