Em Paris, estamos em estado de choque.
Soube do atentado um pouco depois de meio dia, através de um sms de Maridô.
E avisei os colegas no escritório que ainda não sabiam.
Todos nos conectamos rapidamente na Internet para procurar informações.
Depois, fomos almoçar.
Sim, estava na hora. E ficar na frente do computador atualizando a
página do Le Monde a cada trinta segundos não serviria para nada, nem para adiantar nosso
trabalho.
Mas ficamos em estado de choque. O assunto voltou volta e meia durante o dia.
No meio de uma reunião de trabalho, no corredor, no banheiro.
Imediatamente lembrei de 1995, quando uma bomba dentro de uma bolsa foi
colocada embaixo de um banco no RER e explodiu. Foi na estação Saint
Michel. Aquela, perto da Notre Dame e da Sorbonne, no Quartier Latin.
Não
se ouviu nada da rua. Quem estava ali fora só soube que ocorreu
algo depois que viram pessoas ensanguentadas sairem da estação, como se
estivessem fantasiados para uma festa de terror, tipo Halloween.
Algum tempo depois colocaram estes ferros embaixo dos bancos dos trens RER (minha
foto está péssima, queria ser discreta, tinha muita gente).
Ainda algum tempo depois foi instaurado o plano Vigipirata (alerta antiterrorismo)
já estava no nível vermelho. Deve passar para o escarlate.
O plano vigipirate foi instaurado em 1991. Haviam vários niveis. Desde fevereiro de 2014 existem só dois níveis : vigilância e alerta atentado. Ou seja, "perigoso" ou "muito perigoso". Estamos constantemente em alerta.
(Google é meu amigo. Um "resumeco" dos atentados na França no Le Monde -
L'attentat le plus meurtrier depuis 1961 - Google também é seu amigo para traduzir, copie texto do artigo e cole
aqui)
Mas estamos intrigados sem saber se haverão logo outros atentados. Se algo mais vai acontecer, Sabendo que não há nada que possamos fazer para nos proteger. Um atentado pode acontecer em qualquer lugar.
E ao mesmo tempo a vida não pode parar.
Acabei de escrever (umas 19h e pouco hora de Paris) para minha sobrinha para que ela evite de passar por estações e
lugares muito turísticos - os alvos "genéricos" daqui. Estações como
Châtelet Les Halles, Trocadéro, lugares como Louvre, Bastilha, Arco do Triunfo, La Défense (o bairro super cheio de escritórios com torres e mais torres de escritórios).
Logo depois de enviar este SMS, passei por La Défense e Charles De Gaulle Étoile (estação do Arco), estações de
RER com milhaaaares de franceses e turistas. E logo em seguida pelo Trocadéro, mas só do lado de fora, estava no
ônibus.
Fazer o quê, passo por estes lugares para ir e voltar do escritório.
Em 95 só soube do atentado no jornal das 20h. Não tinha Internet naquela época! A bomba explodiu mais ou menos às 17:30.
Hoje soube por um SMS e um título de jornal pouco mais de 1h depois do atentado na tela do telefone.
Meus sentimentos para quem perdeu um ente querido hoje. E para aqueles que o ente querido está gravemente ferido.
Me emocionei de ter lágrimas nos olhos quando vi o tweet ao lado: com uma
foto postada pela filha de um dos cartunistas mortos hoje - clicar na foto para aumentar. Diz a legenda "Papai se foi, não o Wolinski"
No Face, muitas pessoas estão mudando para um avatar de luto. Ou só uma imagem negra (o JesuisCharlie ao lado).
No Twitter, tem o #jesuischarlie.
Aqui.
Homenagem internacional de
desenhistas. Viva a liberdade da expressão.
Em dezembro dois "carros loucos" foram jogados na multidão em Feiras de Natal (Marché de Noël). Um morto, e cada vez mais de 10 feridos.
Um foi um "atentado isolado" e o outro "apenas" um louco que fez um atentado por "mimetismo".
E dias antes uma pessoa também atacou policias num posto de polícia : o
policial abriu a porta e recebeu uma facada, um outro também foi ferido.
É, a França não está pra peixe atualmente.
Amanhã previsão 1 minuto de silêncio ao meio dia.
E é dia de luto nacional.